A zona histórica de Torres Vedras voltou a ser alvo de uma “invasão” cultural por meio de um festival que tem o condão de reinventar largos, praças e ruas seculares, trazendo-lhes “vida” e cruzando passado, presente e futuro.

Tal aconteceu por meio da sexta edição do Novas Invasões, a qual se realizou entre os passados dias 28 e 30 de agosto, sob a temática “no tempo das fogueiras”.

Recorde-se que esse evento bienal organizado pela Câmara Municipal, tendo como pano de fundo as invasões napoleónicas, desafia a novas leituras sobre o conceito de invasões, convertendo-as em motor para a criação artística e para a celebração da diversidade cultural.

O núcleo central do Festival Novas Invasões voltou a ser o Mercado Oitocentista que, localizado nas proximidades da Igreja de São Pedro, transportou para cenários quotidianos do início do século XIX, alguns deles alusivos ao contexto bélico das invasões francesas a Portugal, oferecendo uma experiência envolvente e sensorial e promovendo momentos de encontro e de descoberta em comunidade. Nesse mercado estiveram em funcionamento 26 espaços, oito dos quais a cargo de coletividades – Académico de Torres Vedras, Real Confraria do Carnaval de Torres Vedras (em parceria com Marias Cachuchas, SacÁdegas e Fulionas), Associação S. João Baptista (de Runa), Agrupamento de Escuteiros de S. Pedro da Cadeira, Rancho Folclórico e Etnográfico “Flores do Oeste” (de A dos Cunhados), Associação de Cultura e Recreio 13 de Setembro 1913 (do Sobral de Monte Agraço), Associação Vagabundos do Castelo (de Santa Maria da Feira) e Associação de História e Cultura do Oeste -, que recriaram sobretudo a vivência das tabernas. Simultaneamente foram também dinamizados momentos de animação, nomeadamente teatrais, arruadas musicais, atuações de dança e demonstrações de ofícios antigos (levados a cabo pela Companhia Malatitsch, pela Companhia Jenus, por Marco Amaral, pela Safaneta Clown, pelos Impostoritos, pela Companhia Ofícios com História, pelos Gaiteiros da Freiria e gaiteiros da Polónia, pelo Estúdio de Dança Flui, por Dinis Binnema, pela associação Oeste Connextion, por Velhos Tempos e Cabril Eco Rural).

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Em paralelo com o funcionamento do Mercado Oitocentista 1810 foi dinamizado, na zona próxima do mesmo, um intenso programa cultural, sendo a esse propósito de destacar alguns dos espetáculos proporcionados, como o de dança vertical e acrobacia aérea Cubo (da Companhia Eventi Verticali), o teatro de rua NIT Mágica (da Companhia Xarxa Teatre), o teatro de rua Ara Pacis (também desta última companhia) e o espetáculo de dança acrobática, música e vídeo Aria (da Companhia Zenit Aerial Ballet).

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Referência também para as outras atividades que fizeram parte da programação da recente edição do Festival Novas Invasões, nomeadamente o cortejo das luminárias (animado pelos Gaiteiros da Freiria), os concertos de Uxu Kalhus, de Esperteza Saloia com o coro Música sem Idade, Lua de Fogo (da associação Musica à Lareira), de La Negra e Bandua (de Bernardo Lopes Addario e Edgar Valente), o espetáculo de acrobacia e dança Kairós (da companhia Fika), a performance itinerante Pescadores da Lua (da Seistopeia), a performance Galochas (do Colletive Movement), o espetáculo de “peluquería artística” dos Sienta la Cabeza, os momentos teatrais Um Passo pela Poesia (do Académico de Torres Vedras), a animação de rua A Caravana (do projeto EZ), as exposições Fogo de Campo (da RAMA – Residências Artísticas) e Lar, Doce Lar (do Académico de Torres Vedras), as instalações Fogo Velho (da associação Estufa) e Memorial (do projeto  Musa Paradisíaca), as visitas-guiadas ao Castelo, as sessões de contos e o mercado temático do Colletive Movement, o projeto itinerante “O Segredo das Bruxas” (de A Bolha), a formação “Galochas” e o workshop “Ritmos de água e fogo” do Colletive Movement, os jogos e brincadeiras dinamizados pela Almeidart e a festa de encerramento O fim começa com fogo (que foi animada com um concerto do grupo Ela Jaguar).    

É também de referir que mais uma vez um conjunto de estabelecimentos de restauração locais associaram-se ao festival, incluindo nas suas ementas, durante os três dias do mesmo, pratos ou menus alusivos ao tema do evento. Em 2025 esses restaurantes foram o Roots, “O Beirão”, o Bombordo (Hotel Golf Mar), “O Átrio”, “A Colmeia” e A Tasca dos Carecas. Refira-se também que vários estabelecimentos comerciais da zona histórica de Torres Vedras aproveitaram a realização da recente edição do Novas Invasões para abrirem, nos dias em que a mesma decorreu, em horário noturno.

Uma menção igualmente para a componente de voluntariado do festival, que este ano envolveu 20 voluntários, com idades compreendidas entre os 16 e os 65 anos, os quais colaboraram em oito áreas distintas.

Milhares de pessoas marcaram presença na 6.ª edição do Festival Novas Invasões, sendo de frisar o facto de a mesma ter atraído a Torres Vedras visitantes estrangeiros de diversas proveniências.